sábado, 12 de março de 2016

Projeto de Formação para Desejantes- 2016


Menina Bonita do Laço de Fita
Era uma vez uma menina linda, linda.
Os olhos pareciam duas azeitonas pretas brilhantes, os cabelos enroladinhos e bem negros.
A pele era escura e lustrosa, que nem o pelo da pantera negra na chuva.
Ainda por cima, a mãe gostava de fazer trancinhas no cabelo dela e enfeitar com laços de fita coloridas. Ela ficava parecendo uma princesa das terras da áfrica, ou uma fada do Reino do Luar.
E, havia um coelho bem branquinho, com olhos vermelhos e focinho nervoso sempre tremelicando. O coelho achava a menina a pessoa mais linda que ele tinha visto na vida.
E pensava:
- Ah, quando eu casar quero ter uma filha pretinha e linda que nem ela...
Por isso, um dia ele foi até a casa da menina e perguntou:
- Menina bonita do laço de fita, qual é o teu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
­- Ah deve ser porque eu caí na tinta preta quando era pequenina...
O coelho saiu dali, procurou uma lata de tinta preta e tomou banho nela. Ficou bem negro, todo contente. Mas aí veio uma chuva e lavou todo aquele pretume, ele ficou branco outra vez.
Então ele voltou lá na casa da menina e perguntou outra vez:
- Menina bonita do laço de fita, qual é o seu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
- Ah, deve ser porque eu tomei muito café quando era pequenina.
O coelho saiu dali e tomou tanto café que perdeu o sono e passou a noite toda fazendo xixi. Mas não ficou nada preto.
- Menina bonita do laço de fita, qual o teu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
­- Ah, deve ser porque eu comi muita jabuticaba quando era pequenina.
O coelho saiu dali e se empanturrou de jabuticaba até ficar pesadão, sem conseguir sair do lugar. O máximo que conseguiu foi fazer muito cocozinho preto e redondo feito jabuticaba. Mas não ficou nada preto.
Então ele voltou lá na casa da menina e perguntou outra vez:
- Menina bonita do laço de fita, qual é teu segredo pra ser tão pretinha?
A menina não sabia e... Já ia inventando outra coisa, uma história de feijoada, quando a mãe dela que era uma mulata linda e risonha, resolveu se meter e disse:
- Artes de uma avó preta que ela tinha...
Aí o coelho, que era bobinho, mas nem tanto, viu que a mãe da menina devia estar mesmo dizendo a verdade, porque a gente se parece sempre é com os pais, os tios, os avós e até com os parentes tortos.
E se ele queria ter uma filha pretinha e linda que nem a menina, tinha era que procurar uma coelha preta para casar.
Não precisou procurar muito. Logo encontrou uma coelhinha escura como a noite, que achava aquele coelho branco uma graça.
Foram namorando, casando e tiveram uma ninhada de filhotes, que coelho quando desanda a ter filhote não para mais! Tinha coelhos de todas as cores: branco, branco malhado de preto, preto malhado de branco e até uma coelha bem pretinha. Já se sabe, afilhada da tal menina bonita que morava na casa ao lado.
E quando a coelhinha saía de laço colorido no pescoço sempre encontrava alguém que perguntava:
- Coelha bonita do laço de fita, qual é o teu segredo para ser tão pretinha?
E ela respondia:
- Conselhos da mãe da minha madrinha...

[de Ana Maria Machado, livro, da editora Ática]
ilustração: Claudius]

15 comentários:

  1. Atenção ⚠
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    Sua tarefa será postar um comentário com bases educativas sobre a temática apresentada, embasando teorias educacionais e correlacionando com suas experiências.
    Atividade vale 2 ( duas) horas EAD no certificado.
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  2. Muito interessante... pois além de ser uma história clássica as crianças vibram por ter animais falantes. O interesse do coelho em se tornar alguém de cor diferente, faz com a identidade do mesmo seja confundida...pois ele faz todas as peraltices que a menina fala para se tornar como ela, e é neste ponto em que as crianças se identificam, já vi ao longo do percurso as crianças não se aceitarem quanto sua cor. De ficarem triste com os colegas, que dizem que eles não são brancos e sim negros. tratar de outras culturas e etnias dentro de sala de aula, faz-se intender que não é a cor que vai fazer este ou aquele ser, ser melhor ou pior e sim os valores o individuo carega, e é na escola que esta diferença pode ser tratada de forma lúdica e prazerosa pelas crianças, HENRI WALLON, fala que passamos a vida construindo a identidade, e desta forma nada melhor aprender formas diferentes como o teatro para tratarmos com nossos alunos, penso que este faz diferença em nossa formação com crianças de 4 e 5 anos. tornado temas como: IDENTIDADE, LITERATURA E CULTURA AFRODESCENDENTE, entre outros aspectos relevantes ao tema abordado.

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  3. Amoo esta história, já trabalhei ela por diversas vezes em sala de aula, "MENINA BONITA DO LAÇO DE FITA" é uma historia gostosa de se contar, abrange um tema, que hoje em dia, vivemos, que é uma sociedade com uma realidade discriminatória e preconceituosa, não somente o racismo, mas também as diferenças, provocam impacto na rotina escolar. Com base nisso, é necessário que desde a Educação Infantil, seja trabalhado este assunto,para que a criança desde cedo tenha uma educação anti-racista e sem preconceito com as diferenças do próximo, e que permita a desconstrução do preconceito,e dos estereótipos de beleza, e respeito mútuo.E não existe história melhor para trabalhar com as crianças do que A MENINA BONITA DO LAÇO DE FITA, uma história doce, um recurso significativo e interessante para trabalhar estas questões com as crianças, mediando o respeito as diferenças.

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  4. As crianças não nascem preconceituosas, aprendem com os adultos e é muito bom termos histórias encantadoras que possamos contar para fazermos um trabalho preventivo ou até de conscientização (no caso dos que já foram influenciados pelo preconceito). E é interessante trabalharmos diferentes histórias que abranjam outras situações sociais de preconceito.

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  5. O educador tem que estar sempre atento e ter um olhar ao que e como irá trabalhar, e existem belas histórias como está que estão aí para auxiliar. É importante que se de continuidade as histórias, que elas não acabem ao fim do livro..
    Usar o teatro para ensinar valores traz muitas riquezas as nossas aulas.

    Jessica C. de O. Souza

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  6. O educador tem que estar sempre atento e ter um olhar ao que e como irá trabalhar, e existem belas histórias como está que estão aí para auxiliar. É importante que se de continuidade as histórias, que elas não acabem ao fim do livro..
    Usar o teatro para ensinar valores traz muitas riquezas as nossas aulas.

    Jessica C. de O. Souza

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  7. Menina bonita do laço de fita é uma história para se trabalhar questões relacionadas ao preconceito e valores, pois na Educação Infantil as crianças estão construindo sua identidade e autonomia. Desde de muito cedo, as crianças devem aprender respeitar às características pessoais relacionadas ao gênero, etnia, peso, estatura e outros. A história apresentada em forma de teatro, desperta o interesse das crianças e elas acabam aprendendo, por meio do lúdico e da fantasia. Penso que nossos alunos da Educação Infantil precisam de muitos momentos como este!

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  8. A mente da criança vê a diferença como algo normal, belo e necessário. Com o crescimento e o bombardeio de informações, pode passar a considerar as diferenças como algo que separa, segrega, classifica e rotula. A história acima mostra a ingenuidade do coelho em desejar ser como a menina, tipificando a mente infantil. Mais do que consciência negra, essa história fala sobre valorização pessoal, independente de cor. O coelho também precisa aprender a aceitar sua cor branquinha, entendendo que ele nunca terá outra cor. A menina, por sua vez, em função da constante pergunta do amiguinho peludo, vai descobrir suas origens e compreender o que a fez ser negra. Nós somos um reflexo dos nossos antepassados, por isso, conhecer a história, da nossa família, da nossa cidade, nos dá um senso de pertencimento, de valorização pessoal. Quando aceitamos quem somos e do jeito que somos, o preconceito não nos atingirá. A essência dessa singela história que encanta as crianças, é a valorização pessoal e a beleza que existe na diversidade.
    Josiane Britis Kalicz

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  9. Adorei ver vocês atuando e concordo com a colega Camila Nunes quando diz que a educação infantil precisa de muitos momentos como este. No dia 14 de março apresentamos a mesma história na "1ª REUNIÃO PARA OS PAIS", com o objetivo de envolvê-los e para que também se comprometessem com a educação dos filhos no respeito às diferenças, à diversidade social e cultural, e aceitação de si mesmo e do outro, pois não nascemos preconceituosos, e a família deve, juntamente com a escola, realizar um trabalho coletivo para que todos vivam em harmonia e que sejam evitadas situações de conflitos étnico raciais e qualquer outra intenção que não seja o respeito mútuo entre todos os pertencentes à sociedade escolar. Na história, eu era o coelho. Adorei esse momento e vi que foi importante para os pais e para nós, pois já foram percebidas mudanças no comportamento de algumas crianças que tinham atitudes de desrespeito com os colegas. Na verdade, acho muito triste isto acontecer na educação infantil, mas acredito que quando a escola e a família se unem, o resultado é positivo.

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  10. A história é muito interativa e propõe uma questão de aceitação a diversidade. Já trabalhei com essa história diversas vezes e ela realmente "abre os horizontes" de todos para o novo, o diferente. Também é importante ressaltar que a riqueza desse material deve ser explorada de diversas maneiras e não somente em uma aula, deve ser dado continuidade a esse trabalho, pois assim é possível ver o quanto ele auxilia o planejamento do professor.

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  11. Adorei a apresentação das meninas da SMED, representaram muito bem essa linda história. Na nossa escola sempre propomos aos professores o trabalho com essa história pois ela é cheia de maravilhas e fantasias. A diversidade está presente em nossas vidas, devemos explorar todos os recursos para inclui-la nos nossos planejamentos. O manejo desse material é de grande riquesa e deve ser explorado por um tempo necessário, e não somente em uma aula. Marcia Santos.

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  12. Ótima apresentação. sempre conto esta historia às crianças, pois a diversidade e as diferenças estão presentes na vida cotidiana e esta historia representa as diferenças resgatando a imaginação e o entendimento sobre elas, das crianças.

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  13. O momento de contação de história deve fazer parte da rotina escolar, a história deve ser escolhida com atenção, com uma boa ilustração e temas variados que favoreçam a criatividade e o imaginário das crianças. Sempre que possível fazer um elo com a vida real.Eu acredito que antes da história ser significativa para as crianças, ela deve ter significado para o adulto que vai contar, pois somente com verdadeiro envolvimento, é que vamos envolver as crianças. O adulto deve incorporar,dramatizar está história e sim torna-la prazerosa para as crianças. Com a história, trabalhamos vários aspectos da aprendizagem, a história é um instrumento muito completo,que propõem muitas possibilidades de aprendizagem.

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  14. A oralidade é muito importante na Educação Infantil, enriquecendo a comunicação e a expressão, uma vez que as crianças fazem uso da linguagem a todo momento, esta ajuda favorece a interação social.. Neste sentido, o papel do educador é de assumir um compromisso com o livro, criando o hábito de contar histórias e despertando curiosidade nas crianças para que criem suas hipóteses.A dramatização é um recurso que usamos na Emei Barro Vermelho para encantar as crianças.

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  15. Essa história é encantadora e já tive o privilégio de assistir a sua dramatização algumas vezes.Cada representação foi de uma maneira diferente,mas repassando a narrativa do livro e sua temática que aborda a diversidade e o respeito às diferenças.O trabalho envolvendo as histórias é essencial na escola.Explorar a literatura de diversas maneiras,através das artes,possibilita para as crianças a interação e o reconhecimento de suas habilidades.Parabéns colegas pela bela apresentação teatral!!!!!

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